Estava
se aproximando o dia de Natal. Jesus começou a observar os homens: todos
corriam de um lado para outro: era um caos verdadeiro, exatamente como em Belém
há dois mil anos atrás. Jesus olhou para Sua Mãe Maria, relembrando tantas
portas que Lhe foram fechadas. Lembrou- se ainda do Natal passado, em que quase
ninguém pensara no Seu aniversário. Decidiu, então, que sairia de casa em casa
convidando para a missa.
Na
noite de 24 de dezembro, chegou em uma casa toda enfeitada, na qual estava uma
caricatura de um grande amigo Seu, São Nicolau. Entretanto a caricatura o
desfigurou tanto... O Senhor bateu palmas, um menino saiu correndo e gritando:
-Papai Noel! Papai Noel!
-Não, respondeu Jesus, não sou Papai Noel,
Sou Papai do Céu. Eu poderia te fazer um convite garotinho?
-Seja lá qual for o convite, eu estou
muito ocupado. Estou esperando o Papai Noel.
-Mas filhinho, eu sou Jesus. Amanhã é
Meu aniversário.
-Que mentira! Amanhã é aniversário do
Papai Noel. A minha mãe preparou uma festa para ele.
-Eu preparei uma festa para você.
-Já te disse que não tenho tempo. Papai
Noel é mais importante.
Apressadamente, o menino voltou para
dentro e Jesus ficou falando sozinho.
Segurando as lágrimas, o Senhor dirigiu-
se à casa do vizinho. Havia muita gente bêbada, um som falando um monte de
palavrões no volume máximo. Jesus bateu, bateu, bateu... Gritou...Gritou...Ninguém
escutou...
Dirigiu-se à próxima casa. Mal teve
tempo de abrir a boca e um homem saiu gritando:
-Não está vendo que estou ocupado? O
que você quer? Diga logo.
-Me
desculpe, amanhã é Meu aniversário. Preparei uma festa. Quase ninguém vai. Vim
te convidar.
-Ah! Não me amole. Minha casa estará
cheia de gente, preciso arrumar tudo. Você sabe muito bem, é Natal.
Nosso Senhor, em nenhuma casa foi
recebido. Dirigiu- se então à capela. Lá estava uma senhora rezando. Com
certeza, ela não faltaria à celebração. Mas, Cristo, pediu um pedaço de pão.
Muito mal humorada, a velha gritou:
-Estou rezando. Quero falar com Deus.
Por favor, deixe de me incomodar. Quer pão, vai trabalhar.
Quão grande ė o sofrimento do
"desconhecido aniversariante" Quase ninguém vai à missa, no dia em
que todos deveriam dedicar- se totalmente à Ele. Dentre os que vão poucos o
acolhem verdadeiramente. Oxalá, ao menos nós enxugássemos Suas lágrimas.