NARRADOR- No dia 25 de agosto de 1905, nasceu Helena Kovaslki, que mais tarde se tornaria a apóstola e secretária da Misericórdia Divina. O senhor a atraía desde a infância, chamando-a para o convento. Mas seus pais, embora fossem cristãos autênticos, opuseram-se ao insistente pedido de Helena; por isso, ela decidiu viver uma vida semelhante a de outras meninas. Certa noite, foi a um baile, sem contudo encontrar nisso satisfação alguma. Quando começou a dançar, viu Cristo todo chagado. (Abre a cortina.)
JESUS- Até quando me
desiludirás e até quando hei de ter paciência contigo?
NARRADOR- Helena rezou
pedindo que Deus lhe revelasse a sua vontade.
(Faustina reza.)
JESUS- Vai a Varsóvia e
entra no convento.
(Faustina levanta e se
põe a caminho.Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Ela pegou o
trem e se dirigiu a Varsóvia, sem nem mesmo despedir-se de seus
pais. Como não conhecia nada, nem ninguém de lá, Nossa Senhora
guiou-a pela desconhecida cidade. Helena bateu à porta de diversos
conventos, mas não a queriam aceitar. Enfim bateu à porta da
congregação de Nossa Senhora da Misericórdia.
(Abre-se a cortina.
Faustina bate na porta.)
MADRE- Sim?
FAUSTINA- Eu gostaria de
tornar-me uma freira.
MADRE- Vá perguntar ao
dono da casa se ele te aceita.
NARRADOR- Helena
dirigiu-se à capela e perguntou:
FAUSTINA- Jesus, vós me
aceitais?
NARRADOR- Então ouviu
uma voz que dizia: "Eu te aceito, tu estás no meu coração”.
(Faustina levanta-se e
a madre pergunta.)
MADRE- Ele te aceitou?
FAUSTINA- Sim,
aceitou-me.
MADRE- Se é assim,
também te aceito.
(A madre conduz
Faustina para dentro do convento. Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Helena passou a
ser chamada pelo nome religioso de irmã Faustina do Santíssimo
Sacramento. No início, seu coração exultava, por sua vida
religiosa. Na terceira semana, porém, pensou em abandonar a
congregação, para procurar outra mais contemplativa. Jesus
advertiu-a para que não procedesse dessa forma, pois a havia chamado
para este e não para outro convento. Em 22 de fevereiro teve a
seguinte visão:
(Abre-se a cortina.
Faustina entra na cela e vê Jesus caindo imediatamente de joelhos.)
JESUS- Minha filha,pinta
uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição
"Jesus eu confio em vós". Prometo que a alma que venerar
esta imagem não perecerá. Prometo também aqui na terra a vitória
sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte. Eu mesmo a
defenderei como minha própria glória. Por meio desta imagem
concederei muitas graças, mas deve lembrar a exigência de praticar
a misericórdia. Que toda alma tenha acesso a ela.
FAUSTINA- Por que
confiais tão grande missão a alguém tão miserável como eu?
JESUS- Justamente porque
és miserável eu te escolhi, para manifestar ao mundo a minha
misericórdia. No dia do juízo, exigirei de ti um grande número de
almas. Por esta razão, não descuides desta obra.
FAUSTINA- Salvador meu, o
que significam estes raios que saem do vosso sagrado coração?
JESUS- Os dois raios
representam o sangue e a água: o raio pálido significa a água, que
justifica as almas; o raio vermelho significa o sangue, que é a vida
das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da minha
misericórdia, quando, na cruz, o meu coração agonizante foi aberto
pela lança. Estes raios defendem as almas da ira do meu pai. Feliz
aquele que vive à sua sombra, porque não será atingindo pelo braço
da justiça de Deus.
FAUSTINA- Ao invés de
escrever "Jesus eu confio em vós", poderia escrever "Jesus
Rei da Misericórdia"?
JESUS- Eu sei que sou o
rei da Misericórdia, mas nesta inscrição apenas eu apareço. Já
na inscrição "Jesus, eu confio em vós" você e a
humanidade inteira estará incluída. Os pecados que me ferem mais
dolorosamente são os de desconfiança.
(Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Embora Faustina
não ficasse se gabando de sua convivência íntima com Deus, corriam
no convento inúmeros boatos.
(Abre-se a cortina. As
irmãs conversam entre si)
IRMÃ 1- Você ouviu
falar que a irmã Faustina tem visões de Jesus, pedindo uma imagem?
IRMÃ 2- Sim, eu ouvi
falar. Pobre Faustina, deve estar louca.
IRMÃ 3- Não, isso é
invenção dela.
(Faustina trabalha
serenamente por ali.)
IRMÃ 1- Irmã Faustina,
venha cá! Que história é essa que você anda inventando? Deus
convive assim somente com santos e não com pecadores como você!
(Faustina abaixa a
cabeça.Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Irmã Faustina,
ficou muito triste e preocupada, pensando que poderia estar sendo
vítima de ilusões. Cristo afirmou-lhe que nada disso era ilusão.
Toda esta obra era sua. Certa vez, ela estava em oração, quando viu
o anjo executor da ira, pronto para atingir a terra.
(Abre-se a cortina.
Faustina está ajoelhada, o anjo vem para castigar a terra.)
FAUSTINA- Ó meu Jesus
suplico-vos que não nos castigueis. O mundo fará penitência.
NARRADOR- Suas orações
revelavam-se impotentes, até que ela começou a repetir as
palavras sugeridas interiormente:
FAUSTINA- Eterno
Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade do
Vosso Diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação
dos nossos pecados e dos do mundo inteiro.
NARRADOR- Enquanto ela
assim rezava , o anjo não tinha forças para executar o castigo.
(Fecha-se a cortina.
Música. Abre-se a cortina.)
NARRADOR- No dia
seguinte, ao entrar na capela, Faustina ouviu nosso senhor dizer:
JESUS- Toda vez que
entrares na igreja, reze a mesma oração que rezastes ontem. Esta
oração serve para aplacar minha ira. Tu recitarás em forma de
terço. Primeiro dirás o "Pai-Nosso", a "Ave Maria"
e o "Creio". Depois, nas contas grandes, dirás as
seguintes palavras: "Eterno
Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade do
Vosso Diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação
dos nossos pecados e dos do mundo inteiro ".nas
contas pequenas rezarás: "Pela Sua dolorosa Paixão tende
misericórdia de nós e do mundo inteiro". No fim, rezarás três
vezes": Deus Santo, Deus Forte, Deus
Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro".
Exorta as almas a rezarem este terço. Por meio de sua recitação,
agrada-me dar tudo o que me peçam. Quando os grandes pecadores
recitarem, encherei de paz as suas almas e a hora da morte deles será
feliz. Oh! Que grandes graças concederei as almas, que rezarem este
terço. As entranhas da minha misericórdia comovem-se por elas.
Enquanto é tempo, recorram à fonte da minha misericórdia. Tirem
proveito do sangue e da água, que jorraram do meu coração, porque
depois virei não mais como Misericordioso Salvador, mas como Justo
Juiz. Se o maior pecador recitar este terço, ainda que uma única
vez, alcançará a misericórdia.
(Fecha-se a
cortina.Abre-se a cortina.Faustina está escrevendo em um caderno.)
NARRADOR- Padre Miguel
Sopocko ordenou a irmã Faustina que escrevesse suas vivências em um
diário. Embora tivesse dificuldades, pois não completara nem a
terceira série, a graça divina inspirou-lhe escritos de imenso
valor teológico.
(O padre Miguel
Sopocko chama a irmã Faustina.)
PADRE- Irmã Faustina!
FAUSTINA- Padre Miguel,a
sua benção.
PADRE- Deus, abençoe
minha querida irmã Faustina, iremos agora ao pintor para ver como
está a pintura.
(Os dois se põem a
caminho. Fecha-se a cortina. Abre-se a cortina. O pintor apresenta o
quadro.)
PINTOR- Olha, o quadro
está pronto. O que acha?
FAUSTINA- (Demonstra
tristeza. O quadro não se parece nem um pouco com Jesus. Sai
correndo. Fecha-se cortina. Abre-se a cortina. Faustina está no quarto
chorando.)
JESUS- Ó delícia minha,
por que choras?
FAUSTINA- Senhor, quem
vos pintará dignamente? O quadro que me mandastes pintar ficou
horrível, se comparado a Vossa beleza.
JESUS- O valor desta
imagem não está na beleza da tinta, ou na habilidade do pintor, mas
na minha graça. Quero que seja benzida solenemente no segundo
domingo da Páscoa. Neste dia, deverá ser comemorada a festa da
misericórdia. Desejo que essa festa seja refúgio para todas as
almas, especialmente para os pecadores. Nesta dia, estão abertas as
minhas entranhas misericordiosas. Derramo todo um mar de graças
sobre almas que se aproximarem da fonte da misericórdia. Quem
comungar e confessar, alcançará o perdão total das culpas e penas.
Estão abertas as comportas divinas pelas quais fluem as graças.
Trarás os que desfalecem. Eu curarei e fortalecerei. Estou
oferecendo aos homens a última tábua de salvação, isto é, o
terço que te ensinei e a festa que estou pedindo.
NARRADOR- Jesus ditou
ainda uma novena, que deveria ser iniciada na sexta-feira santa e
concluída na vigília da festa.
(Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Irmã Faustina
ofereceu-se a Deus pela conversão dos pecadores.
(Abre-se a
cortina.Faustina está bordando.)
FAUSTINA- Ó meu Jesus,
eu me ofereço a vós pelas almas, suplicando a conversão dos
pecadores. Como não posso fazer grandes sacrifícios, ofereço este
humilde trabalho.
NARRADOR- Nosso Senhor
prometeu dar a graça da conversão a cada pecador, pelo qual fosse
rezada a seguinte jaculatória: "Ó sangue e água que jorrastes
do coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu
confio em Vós". A madre superiora, pediu que Faustina viesse à
sua presença.
FAUSTINA- Pois não. O
que desejas de mim, minha madre?
MADRE- De hoje em diante,
trabalharás em nosso convento como porteira. Podes ir.
(Faustina sai, a madre
comenta com uma irmã.)
MADRE- Faustina sempre
foi muito obediente, nunca reclamou de nenhuma ordem.
(Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Na portaria, a
predileta do Senhor teve muitas oportunidades de praticar a
misericórdia. Certa feita, chegou um jovem todo maltrapilho,
tremendo de frio e pedindo algo para comer.
(Abre-se a cortina.)
MENDINGO: Dê-me, por
favor, algo para comer.
FAUSTINA- Claro, sente-se
aqui.
NARRADOR- Faustina trouxe
sopa e pão.(Fecha-se a cortina.Ao abrir a cortina, Faustina se
vira e reconhece Jesus.)
NARRADOR- Depois de
comer, o jovem revelou ser Jesus.
JESUS- (Entregando o
prato.) Minha filha, os pobres me bendizem pela tua caridade. Por
esta razão, desci do céu e vim saborear o fruto de tua bondade. A
alma que não pratica a misericórdia, também não alcançará. Eu
te indico três maneiras de praticá-la: a primeira é a ação, a
segunda a palavra, a terceira a oração.
(Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- O padre Miguel
Sopocko estava orientando sua penitente, enquanto passeava pelo
jardim.
PADRE MIGUEL- Irmã,
mandei que seja publicado um livrinho com a imagem da divina
misericórdia e algumas orações.
FAUSTINA- O coração de
Nosso Senhor exulta devido a esta atitude, pois deseja ser conhecido
em sua misericórdia. Ele prometeu-me que defenderá, durante toda
vida, aqueles que propagarem esta devoção e, na hora da morte, não
lhes será juiz, mas salvador misericordioso.
(Faustina olha para o
relógio.)
FAUSTINA- Meu confessor,
já são três horas da tarde, hora da morte de Jesus. É de seu
desejo que, neste momento, clamemos sua misericórdia em favor do
mundo, especialmente para os pecadores, suplicando pela sua dolorosa
paixão. O senhor pediu-me para rezarmos a via-sacra; entretanto, se
nossas obrigações não permitirem, devemos ir à capela adorá-lo,
cheio de misericórdia no santíssimo sacramento. Se nem isso for
possível, devemos recolher-nos onde estivermos, meditando sua morte
e abandono na cruz. Nesta hora, Cristo não nos negará nada do que
pedirmos, pela sua dolorosa paixão.
PADRE- Então vamos à
capela adorar o Rei da Misericórdia, que nos deu sua vida nesta
bendita hora.
FAUSTINA- Esta é a hora
da misericórdia. Vamos! (O padre e Faustina vão à capela onde
rezam. Música: três horas.)
NARRADOR- O padre sai e
Faustina chora.
JESUS- Filha minha, não
posso suportar tuas lágrimas. Qual é o motivo de tua dor?
FAUSTINA- Ó meu Deus, eu
acredito na tua compaixão. Mas choro, porque na nossa congregação
não há nenhuma santa.
JESUS- Não chores, tu és
santa!
(Faustina levanta para
abraçar Jesus.Fecha-se cortina.)
NARRADOR- Na glória dos
santos, a virgem Maria fulgura com um brilho especial. Só alcança a
santidade quem segue o exemplo de Nossa Senhora. Irmã Faustina
sempre se entregou confiantemente nas mãos de Maria, recebendo o seu
auxílio.
(Abre-se a
cortina.Faustina leva flores e coloca na imagem de Maria.)
FAUSTINA- Maria, minha
mãe, entrego-vos a minha alma e o meu corpo.
MARIA- Filha, terás
alguns sofrimentos devido a uma doença. Sou a Rainha do Céu, Mãe
de Misericórdia e Vossa Mãe. Siga sempre o meu exemplo. Vossa vida
deve ser semelhante à minha: silenciosa e oculta, continuamente
unida a Deus, em súplica e a preparar o mundo para a segunda vinda
do meu filho. Eu dei o Salvador ao mundo. Você deve falar ao mundo
de sua grande misericórdia, preparando-o para a volta de Jesus,
quando virá não como misericordioso Salvador, mas como justo juiz.
Fala às almas dessa grande compaixão enquanto é tempo. Nada
receies, seja fiel até o fim. Eu me compadeço de ti.
FAUSTINA- Minha mãe,
ajuda-me a ser fiel.
(Nossa Senhora a
abençoa.Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Esta jovem
freira polonesa possuía o dom da bilocação, ou seja, estar em dois
lugares ao mesmo tempo. Em um determinado momento, sem saber como
isso acontecia, encontrou-se em um velho casebre, onde um homem
agonizava em grande tormento. Ao redor da cama, havia um grande
número de demônios e a família chorava.
(Abre-se a
cortina.Faustina está de joelhos ao redor do agonizante, rezando o
terço da misericórdia.)
AGONIZANTE- Socorro!
Socorro!
FILHO- Calma, meu pai.
FILHO 2- Ó meu Deus,
salva meu pai.
ESPOSA- (Chora.) Vai
em paz.
AGONIZANTE- Socorro!
Estou em desespero!
NARRADOR- Irmã Faustina
rezou o terço da misericórdia. Os demônios dispersaram-na
demonstrando-lhe profundo ódio. Ao término da oração, o
agonizante pôde descansar em paz.
(O agonizante morre
serenamente.Jesus se aproxima.)
JESUS- Defendo toda alma
que, na hora da morte recitar este terço, ou se outros recitarem
junto a um agonizante, conseguirão a mesma indulgência. Aplaca-se a
ira de Deus e insondável misericórdia envolve a alma.
(Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Faustina teve
que sofrer muito. A tuberculose atacou seus pulmões de forma
terrível.
(Abre-se a
cortina.Faustina está deitada; a enfermeira traz remédios.)
ENFERMEIRA- Como se
sente?
FAUSTINA- Tenho dores
horríveis, mas ofereço tudo pela salvação dos pecadores.(Faustina
tosse.)Minha missão não termina com a morte, iniciar-se-á com
ela. Ó almas incrédulas, eu vos descortinarei o véu dos céus para
que não machuqueis com a dúvida o dulcíssimo coração de Jesus.
ENFERMEIRA- Tudo aponta
para o início de uma guerra. A meu ver, vai durar pouco.
FAUSTINA- (Cobre o
rosto com as mãos.) Infelizmente esta guerra vai durar muito,
muito tempo. Nosso senhor revelou-me que "o mundo não terá
paz, enquanto não se voltar confiante para sua misericórdia".
Esta devoção que por meu intermédio Deus deseja estabelecer, será
por um tempo totalmente destruída. Em seguida surgirá a ação do
onipotente, fazendo desta devoção um novo esplendor para a santa
igreja.
(A enfermeira sai.
Faustina pega o terço.)
NARRADOR- Durante todo o
tempo de sua doença, irmã Faustina rezava sem cessar o terço que
lhe fora ensinado. No dia 5 de outubro de 1938, com a idade de 33
anos, exalou seu último suspiro, para ir contemplar seu amado
redentor no céu.
(Faustina
morre.Fecha-se a cortina.)
NARRADOR- Pouco tempo
depois de sua morte, teve início a Segunda Guerra Mundial, tal como
ela profetizou. O convento entretanto nunca foi atacado. O Vaticano,
baseado em documentos inexatos, desconsiderou a devoção à
misericórdia divina, nas formas "propostas" pela irmã
Maria Faustina do Santíssimo Sacramento. Assim então se destruía
completamente a obra que por seu intermédio, Deus desejava
construir. Estas revelações só foram reconhecidas como dignas de
fé, graças ao trabalho de Karol Woityla, que eleito Papa João
Paulo II, canonizou santa Faustina no dia 30 de abril de 2000.