terça-feira, 14 de maio de 2013

TEATRO: A VIDA DE SANTA FAUSTINA






 



 




NARRADOR- No dia 25 de agosto de 1905, nasceu Helena Kovaslki, que mais tarde se tornaria a apóstola e secretária da Misericórdia Divina. O senhor a atraía desde a infância, chamando-a para o convento. Mas seus pais, embora fossem cristãos autênticos, opuseram-se ao insistente pedido de Helena; por isso, ela decidiu viver uma vida semelhante a de outras meninas. Certa noite, foi a um baile, sem contudo encontrar nisso satisfação alguma. Quando começou a dançar, viu Cristo todo chagado. (Abre a cortina.)

JESUS- Até quando me desiludirás e até quando hei de ter paciência contigo?

NARRADOR- Helena rezou pedindo que Deus lhe revelasse a sua vontade.

(Faustina reza.)

JESUS- Vai a Varsóvia e entra no convento.

(Faustina levanta e se põe a caminho.Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Ela pegou o trem e se dirigiu a Varsóvia, sem nem mesmo despedir-se de seus pais. Como não conhecia nada, nem ninguém de lá, Nossa Senhora guiou-a pela desconhecida cidade. Helena bateu à porta de diversos conventos, mas não a queriam aceitar. Enfim bateu à porta da congregação de Nossa Senhora da Misericórdia.

(Abre-se a cortina. Faustina bate na porta.)

MADRE- Sim?

FAUSTINA- Eu gostaria de tornar-me uma freira.

MADRE- Vá perguntar ao dono da casa se ele te aceita.

NARRADOR- Helena dirigiu-se à capela e perguntou:

FAUSTINA- Jesus, vós me aceitais?

NARRADOR- Então ouviu uma voz que dizia: "Eu te aceito, tu estás no meu coração”.

(Faustina levanta-se e a madre pergunta.)

MADRE- Ele te aceitou?

FAUSTINA- Sim, aceitou-me.

MADRE- Se é assim, também te aceito.

(A madre conduz Faustina para dentro do convento. Fecha-se a cortina.)


NARRADOR- Helena passou a ser chamada pelo nome religioso de irmã Faustina do Santíssimo Sacramento. No início, seu coração exultava, por sua vida religiosa. Na terceira semana, porém, pensou em abandonar a congregação, para procurar outra mais contemplativa. Jesus advertiu-a para que não procedesse dessa forma, pois a havia chamado para este e não para outro convento. Em 22 de fevereiro teve a seguinte visão:

(Abre-se a cortina. Faustina entra na cela e vê Jesus caindo imediatamente de joelhos.)

JESUS- Minha filha,pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição "Jesus eu confio em vós". Prometo que a alma que venerar esta imagem não perecerá. Prometo também aqui na terra a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte. Eu mesmo a defenderei como minha própria glória. Por meio desta imagem concederei muitas graças, mas deve lembrar a exigência de praticar a misericórdia. Que toda alma tenha acesso a ela.

FAUSTINA- Por que confiais tão grande missão a alguém tão miserável como eu?

JESUS- Justamente porque és miserável eu te escolhi, para manifestar ao mundo a minha misericórdia. No dia do juízo, exigirei de ti um grande número de almas. Por esta razão, não descuides desta obra.

FAUSTINA- Salvador meu, o que significam estes raios que saem do vosso sagrado coração?

JESUS- Os dois raios representam o sangue e a água: o raio pálido significa a água, que justifica as almas; o raio vermelho significa o sangue, que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da minha misericórdia, quando, na cruz, o meu coração agonizante foi aberto pela lança. Estes raios defendem as almas da ira do meu pai. Feliz aquele que vive à sua sombra, porque não será atingindo pelo braço da justiça de Deus.

FAUSTINA- Ao invés de escrever "Jesus eu confio em vós", poderia escrever "Jesus Rei da Misericórdia"?

JESUS- Eu sei que sou o rei da Misericórdia, mas nesta inscrição apenas eu apareço. Já na inscrição "Jesus, eu confio em vós" você e a humanidade inteira estará incluída. Os pecados que me ferem mais dolorosamente são os de desconfiança.

(Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Embora Faustina não ficasse se gabando de sua convivência íntima com Deus, corriam no convento inúmeros boatos.

(Abre-se a cortina. As irmãs conversam entre si)

IRMÃ 1- Você ouviu falar que a irmã Faustina tem visões de Jesus, pedindo uma imagem?

IRMÃ 2- Sim, eu ouvi falar. Pobre Faustina, deve estar louca.

IRMÃ 3- Não, isso é invenção dela.

(Faustina trabalha serenamente por ali.)

IRMÃ 1- Irmã Faustina, venha cá! Que história é essa que você anda inventando? Deus convive assim somente com santos e não com pecadores como você!

(Faustina abaixa a cabeça.Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Irmã Faustina, ficou muito triste e preocupada, pensando que poderia estar sendo vítima de ilusões. Cristo afirmou-lhe que nada disso era ilusão. Toda esta obra era sua. Certa vez, ela estava em oração, quando viu o anjo executor da ira, pronto para atingir a terra.

(Abre-se a cortina. Faustina está ajoelhada, o anjo vem para castigar a terra.)

FAUSTINA- Ó meu Jesus suplico-vos que não nos castigueis. O mundo fará penitência.

NARRADOR- Suas orações revelavam-se impotentes, até que ela começou a repetir as palavras sugeridas interiormente:

FAUSTINA- Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade do Vosso Diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro.

NARRADOR- Enquanto ela assim rezava , o anjo não tinha forças para executar o castigo.

(Fecha-se a cortina. Música. Abre-se a cortina.)

NARRADOR- No dia seguinte, ao entrar na capela, Faustina ouviu nosso senhor dizer:

JESUS- Toda vez que entrares na igreja, reze a mesma oração que rezastes ontem. Esta oração serve para aplacar minha ira. Tu recitarás em forma de terço. Primeiro dirás o "Pai-Nosso", a "Ave Maria" e o "Creio". Depois, nas contas grandes, dirás as seguintes palavras: "Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade do Vosso Diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro ".nas contas pequenas rezarás: "Pela Sua dolorosa Paixão tende misericórdia de nós e do mundo inteiro". No fim, rezarás três vezes": Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro". Exorta as almas a rezarem este terço. Por meio de sua recitação, agrada-me dar tudo o que me peçam. Quando os grandes pecadores recitarem, encherei de paz as suas almas e a hora da morte deles será feliz. Oh! Que grandes graças concederei as almas, que rezarem este terço. As entranhas da minha misericórdia comovem-se por elas. Enquanto é tempo, recorram à fonte da minha misericórdia. Tirem proveito do sangue e da água, que jorraram do meu coração, porque depois virei não mais como Misericordioso Salvador, mas como Justo Juiz. Se o maior pecador recitar este terço, ainda que uma única vez, alcançará a misericórdia.

(Fecha-se a cortina.Abre-se a cortina.Faustina está escrevendo em um caderno.)

NARRADOR- Padre Miguel Sopocko ordenou a irmã Faustina que escrevesse suas vivências em um diário. Embora tivesse dificuldades, pois não completara nem a terceira série, a graça divina inspirou-lhe escritos de imenso valor teológico.

(O padre Miguel Sopocko chama a irmã Faustina.)

PADRE- Irmã Faustina!

FAUSTINA- Padre Miguel,a sua benção.

PADRE- Deus, abençoe minha querida irmã Faustina, iremos agora ao pintor para ver como está a pintura.

(Os dois se põem a caminho. Fecha-se a cortina. Abre-se a cortina. O pintor apresenta o quadro.)

PINTOR- Olha, o quadro está pronto. O que acha?

FAUSTINA- (Demonstra tristeza. O quadro não se parece nem um pouco com Jesus. Sai correndo. Fecha-se cortina. Abre-se a cortina. Faustina está no quarto chorando.)

JESUS- Ó delícia minha, por que choras?

FAUSTINA- Senhor, quem vos pintará dignamente? O quadro que me mandastes pintar ficou horrível, se comparado a Vossa beleza.

JESUS- O valor desta imagem não está na beleza da tinta, ou na habilidade do pintor, mas na minha graça. Quero que seja benzida solenemente no segundo domingo da Páscoa. Neste dia, deverá ser comemorada a festa da misericórdia. Desejo que essa festa seja refúgio para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesta dia, estão abertas as minhas entranhas misericordiosas. Derramo todo um mar de graças sobre almas que se aproximarem da fonte da misericórdia. Quem comungar e confessar, alcançará o perdão total das culpas e penas. Estão abertas as comportas divinas pelas quais fluem as graças. Trarás os que desfalecem. Eu curarei e fortalecerei. Estou oferecendo aos homens a última tábua de salvação, isto é, o terço que te ensinei e a festa que estou pedindo.

NARRADOR- Jesus ditou ainda uma novena, que deveria ser iniciada na sexta-feira santa e concluída na vigília da festa.

(Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Irmã Faustina ofereceu-se a Deus pela conversão dos pecadores.

(Abre-se a cortina.Faustina está bordando.)

FAUSTINA- Ó meu Jesus, eu me ofereço a vós pelas almas, suplicando a conversão dos pecadores. Como não posso fazer grandes sacrifícios, ofereço este humilde trabalho.

NARRADOR- Nosso Senhor prometeu dar a graça da conversão a cada pecador, pelo qual fosse rezada a seguinte jaculatória: "Ó sangue e água que jorrastes do coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós". A madre superiora, pediu que Faustina viesse à sua presença.

FAUSTINA- Pois não. O que desejas de mim, minha madre?

MADRE- De hoje em diante, trabalharás em nosso convento como porteira. Podes ir.

(Faustina sai, a madre comenta com uma irmã.)

MADRE- Faustina sempre foi muito obediente, nunca reclamou de nenhuma ordem.

(Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Na portaria, a predileta do Senhor teve muitas oportunidades de praticar a misericórdia. Certa feita, chegou um jovem todo maltrapilho, tremendo de frio e pedindo algo para comer.

(Abre-se a cortina.)

MENDINGO: Dê-me, por favor, algo para comer.

FAUSTINA- Claro, sente-se aqui.

NARRADOR- Faustina trouxe sopa e pão.(Fecha-se a cortina.Ao abrir a cortina, Faustina se vira e reconhece Jesus.)

NARRADOR- Depois de comer, o jovem revelou ser Jesus.

JESUS- (Entregando o prato.) Minha filha, os pobres me bendizem pela tua caridade. Por esta razão, desci do céu e vim saborear o fruto de tua bondade. A alma que não pratica a misericórdia, também não alcançará. Eu te indico três maneiras de praticá-la: a primeira é a ação, a segunda a palavra, a terceira a oração.

(Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- O padre Miguel Sopocko estava orientando sua penitente, enquanto passeava pelo jardim.

PADRE MIGUEL- Irmã, mandei que seja publicado um livrinho com a imagem da divina misericórdia e algumas orações.

FAUSTINA- O coração de Nosso Senhor exulta devido a esta atitude, pois deseja ser conhecido em sua misericórdia. Ele prometeu-me que defenderá, durante toda vida, aqueles que propagarem esta devoção e, na hora da morte, não lhes será juiz, mas salvador misericordioso.

(Faustina olha para o relógio.)

FAUSTINA- Meu confessor, já são três horas da tarde, hora da morte de Jesus. É de seu desejo que, neste momento, clamemos sua misericórdia em favor do mundo, especialmente para os pecadores, suplicando pela sua dolorosa paixão. O senhor pediu-me para rezarmos a via-sacra; entretanto, se nossas obrigações não permitirem, devemos ir à capela adorá-lo, cheio de misericórdia no santíssimo sacramento. Se nem isso for possível, devemos recolher-nos onde estivermos, meditando sua morte e abandono na cruz. Nesta hora, Cristo não nos negará nada do que pedirmos, pela sua dolorosa paixão.

PADRE- Então vamos à capela adorar o Rei da Misericórdia, que nos deu sua vida nesta bendita hora.

FAUSTINA- Esta é a hora da misericórdia. Vamos! (O padre e Faustina vão à capela onde rezam. Música: três horas.)

NARRADOR- O padre sai e Faustina chora.

JESUS- Filha minha, não posso suportar tuas lágrimas. Qual é o motivo de tua dor?

FAUSTINA- Ó meu Deus, eu acredito na tua compaixão. Mas choro, porque na nossa congregação não há nenhuma santa.

JESUS- Não chores, tu és santa!

(Faustina levanta para abraçar Jesus.Fecha-se cortina.)

NARRADOR- Na glória dos santos, a virgem Maria fulgura com um brilho especial. Só alcança a santidade quem segue o exemplo de Nossa Senhora. Irmã Faustina sempre se entregou confiantemente nas mãos de Maria, recebendo o seu auxílio.

(Abre-se a cortina.Faustina leva flores e coloca na imagem de Maria.)

FAUSTINA- Maria, minha mãe, entrego-vos a minha alma e o meu corpo.

MARIA- Filha, terás alguns sofrimentos devido a uma doença. Sou a Rainha do Céu, Mãe de Misericórdia e Vossa Mãe. Siga sempre o meu exemplo. Vossa vida deve ser semelhante à minha: silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em súplica e a preparar o mundo para a segunda vinda do meu filho. Eu dei o Salvador ao mundo. Você deve falar ao mundo de sua grande misericórdia, preparando-o para a volta de Jesus, quando virá não como misericordioso Salvador, mas como justo juiz. Fala às almas dessa grande compaixão enquanto é tempo. Nada receies, seja fiel até o fim. Eu me compadeço de ti.

FAUSTINA- Minha mãe, ajuda-me a ser fiel.

(Nossa Senhora a abençoa.Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Esta jovem freira polonesa possuía o dom da bilocação, ou seja, estar em dois lugares ao mesmo tempo. Em um determinado momento, sem saber como isso acontecia, encontrou-se em um velho casebre, onde um homem agonizava em grande tormento. Ao redor da cama, havia um grande número de demônios e a família chorava.

(Abre-se a cortina.Faustina está de joelhos ao redor do agonizante, rezando o terço da misericórdia.)

AGONIZANTE- Socorro! Socorro!

FILHO- Calma, meu pai.

FILHO 2- Ó meu Deus, salva meu pai.

ESPOSA- (Chora.) Vai em paz.

AGONIZANTE- Socorro! Estou em desespero!

NARRADOR- Irmã Faustina rezou o terço da misericórdia. Os demônios dispersaram-na demonstrando-lhe profundo ódio. Ao término da oração, o agonizante pôde descansar em paz.

(O agonizante morre serenamente.Jesus se aproxima.)

JESUS- Defendo toda alma que, na hora da morte recitar este terço, ou se outros recitarem junto a um agonizante, conseguirão a mesma indulgência. Aplaca-se a ira de Deus e insondável misericórdia envolve a alma.

(Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Faustina teve que sofrer muito. A tuberculose atacou seus pulmões de forma terrível.

(Abre-se a cortina.Faustina está deitada; a enfermeira traz remédios.)

ENFERMEIRA- Como se sente?

FAUSTINA- Tenho dores horríveis, mas ofereço tudo pela salvação dos pecadores.(Faustina tosse.)Minha missão não termina com a morte, iniciar-se-á com ela. Ó almas incrédulas, eu vos descortinarei o véu dos céus para que não machuqueis com a dúvida o dulcíssimo coração de Jesus.

ENFERMEIRA- Tudo aponta para o início de uma guerra. A meu ver, vai durar pouco.

FAUSTINA- (Cobre o rosto com as mãos.) Infelizmente esta guerra vai durar muito, muito tempo. Nosso senhor revelou-me que "o mundo não terá paz, enquanto não se voltar confiante para sua misericórdia". Esta devoção que por meu intermédio Deus deseja estabelecer, será por um tempo totalmente destruída. Em seguida surgirá a ação do onipotente, fazendo desta devoção um novo esplendor para a santa igreja.

(A enfermeira sai. Faustina pega o terço.)

NARRADOR- Durante todo o tempo de sua doença, irmã Faustina rezava sem cessar o terço que lhe fora ensinado. No dia 5 de outubro de 1938, com a idade de 33 anos, exalou seu último suspiro, para ir contemplar seu amado redentor no céu.

(Faustina morre.Fecha-se a cortina.)

NARRADOR- Pouco tempo depois de sua morte, teve início a Segunda Guerra Mundial, tal como ela profetizou. O convento entretanto nunca foi atacado. O Vaticano, baseado em documentos inexatos, desconsiderou a devoção à misericórdia divina, nas formas "propostas" pela irmã Maria Faustina do Santíssimo Sacramento. Assim então se destruía completamente a obra que por seu intermédio, Deus desejava construir. Estas revelações só foram reconhecidas como dignas de fé, graças ao trabalho de Karol Woityla, que eleito Papa João Paulo II, canonizou santa Faustina no dia 30 de abril de 2000.

Edinilson Caia